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À flor da pele
13 de março de 2014

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            Após uma pequena decepção com o sucesso literário “Cinquenta tons de Cinza”, me questionei sobre o real desejo da maioria das mulheres. Qual é o tipo de romance que realmente nos toca? Existe uma linguagem secreta? Que histórias nos prende do início ao fim? Ainda sem compreender o tamanho sucesso do romance americano, acabei ganhando um brasileiro em mãos, do autor em pessoa. Segundo ele: “Tentei usar uma linguagem que não fosse vulgar, para dizer o que dificilmente se diz sem ser erótico demais ou pornográfico.” Será?

            Demorei mais de um mês para terminar o romance de Franco Rovedo, não pela falta de entusiasmo com o mesmo, muito pelo contrário. Mas a falta de tempo também me permitiu saborear mais as surpresas de seu romance erótico e nada vulgar. O autor foi realmente bem sucedido em seu intento: fala aquele tipo de bobagens ao “pé do ouvido” sem cair na vulgaridade nem mesmo por uma linha.

            O que me chamou a atenção na história é que ela começa e termina acompanhando exatamente o tempo em que vivemos hoje: da tecnologia! Quantos romances não começam hoje pela rede? Quem não “fica” com alguém e adiciona a pessoa logo em seguida numa rede social? Quem não curte as postagens daquele que lhe interessa? E quem não fica chateado com a sofrida falta de resposta numa conversa “in box”? É ..., os tempos modernos mudaram nosso romantismo e nossa forma de demonstrar amor. Melhor do que flores, só uma declaração pública na rede.

            Além da rede social, o romance nos leva à ansiedade e prazer que uma simples mensagem no celular pode nos dar. Na verdade, o romance prova que uma mensagem pode mudar o curso de uma vida inteira. Quanto poder a tecnologia tem em nossas vidas, nossas emoções e por fim em nossas histórias, nossos rumos.

            O personagem principal é baseado em experiências do próprio autor, que se colocou no lugar de sua criação como se desse a própria vida ao mesmo: suas características físicas, suas histórias, seus sentimentos e desejos. Nem tudo ali é verídico, exceto na imaginação quente e sedutora do escritor.

            Dois jovens adultos que se encontram numa rede social, anos após o término do colégio. A atração começa agora pela rede e então eles se decidem por um encontro que vai mudar suas vidas. Num inédito e interessante enredo, que se desenrola entre o pensamento de um e o diário de outro, nos é apresentado o ponto de vista de ambos sobre a mesma situação e ao mesmo tempo. Quem é que não gostaria de saber o que o outro está pensando? Chega a ser mágico.

            A história é um simples romance que pode acontecer com qualquer uma de nós. Não tem chicotes, nem palmadas. E todas sabemos que a maioria de nós não precisa de nada disso para se ter prazer. Mas em meio a uma história com simplicidade, há uma riqueza de detalhes: um homem que prepara um jantar para a mulher que deseja. Um homem que primeiro satisfaz para depois satisfazer a si mesmo. Um homem que se doa, que cria fantasias e desejos naquela que ama. E a mulher tímida que se solta e se descobre como nunca havia feito antes.

            É nos detalhes que se encontra as mais deliciosas provas de amor: num beijo, num olhar, num toque, num gesto. Na respiração ofegante, no arrepio dos pelos do braço, no alívio da presença do outro. Sensações inexplicáveis, mas que todos entendem. Porque simplesmente se sente: a flor da pele.

CAROLINA VILA NOVA

ESCRITORA E ROTEIRISTA, de Curitiba.

Contato: focuslife@playtac.com

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