Playtac
Focuslife
Home / Focuslife / COLUNISTAS Voltar
Amor que transcende
04 de dezembro de 2013
Ontem à noite estive com um dos meus terapeutas. Intensa como só, parece que a mim um apenas não basta. Pai e filho trabalham no mesmo lugar, assim fica mais fácil. Quis conversar com ele sobre duas coisas. Uma delas a minha atual vivência no amor, tanto no sentido mulher, como no sentido pessoa. Percebo em mim um amor cada vez mais forte, intenso e profundo. E sinto que recebo isso das pessoas. Mas será ilusão? Uma vontade minha de acreditar que sou amada da mesma forma que amo?
Segundo meu terapeuta, meu amor é transcendental. E apesar de já ter escutado a expressão antes várias vezes, tive que perguntar o que significa. Ele me disse: “Seu amor é tanto que chega nas pessoas à sua volta, entra nelas e volta pra você. Você se doa, se abre tanto, que consegue fazer com que tudo isso volte pra você. Você desperta o amor nas pessoas com o seu próprio sentimento.”
Primeiro eu fiquei confusa e perguntei: “Mas isso é bom?”. Pois pensei: se estou recebendo meu próprio amor de volta, não seria isso uma ilusão apenas um pouco mais concreta?
O terapeuta afirmou que é bom. Uma vez que amo tanto a ponto de fazer os outros amarem também. Eu amplifico o amor. Nossa... que estranho. Pra ele pareceu simples, mas eu ainda estou assimilando a informação.
Fato é que me sinto sim muito amada e querida, todos os dias, por quase todas as pessoas com quem convivo. Sinto amor até por estranhos nas ruas, completos desconhecidos. E amo através do sorrir e dos pequenos gestos que me são possíveis ter. Tenho esse comportamento de forma natural. Parece que finalmente entendi na prática o alemão Eckhard Tolle em seu (pra mim) confuso livro “O poder do agora”.
Aprendi a viver o agora, o momento. Me sinto absurdamente feliz com pequenas coisas, como ver o céu azul e sentir o vento com a mão pra fora do carro quando estou dirigindo. E mais, também me sinto feliz com o céu nublado com perspectiva de chuva. Dá pra entender? Não sei se é algo compreensível, mas pra mim é algo vivo, simplesmente é.
Porém, com a mesma intensidade que me sinto feliz e amo, também intensamente sofro. Como hoje de manhã, ao olhar no espelho do carro e ver que um passarinho foi atingido pelo meu retrovisor e ficou voando de forma totalmente descompassada, quase que caindo ao chão. Aquilo me doeu tanto, que ao dirigir os próximos vinte quilômetros até o trabalho, ainda fiquei me martirizando por não ter voltado e tirado o bichinho da rua para não ser atropelado. Mesmo não sabendo se ele ficou lá.
Segundo o meu terapeuta, eu estou no caminho certo. Amo como a maioria das pessoas ainda não aprendeu a amar. Vivo como poucos. E levo muitos junto comigo. Tantos que se beneficiam daquilo que eu doo. Mas ele diz ter uma preocupação. Ele disse: “Quando você voa, leva todos com você, você tem força pra levar quem quer que seja ao seu lado, porém, quando você cair, cai sozinha. Em que você vai se apoiar quando isso acontecer?”.
Entendi o que ele quis dizer, imediatamente senti e respondi, que a vida inteira tem sido assim. E ele finalizou: “Então você já sabe”.
Apesar de toda dor que posso vir a sentir quando cair, por que quer que seja, concluo que vale a pena. Eu amo mais, vivo mais, ouso mais, sonho mais. E também realizo mais e recebo mais. Quando tiver que doer mais, que doa. Pelo menos eu vivi além. Ainda que venha a me despedir cedo desta vida, poderei dizer que vivi tudo o que vim pra viver. Amei, sorri, despertei o melhor em quem amava. Ousei sonhar e tentar tudo o que quis. Não deixo para trás remorsos do não ter feito ou do não ter tentado, ousado.
Deixar de amar para não sofrer? Jamais! Antes sofrer mais e assim amar mais, do que jamais ter conhecido a intensidade de ambos. A intensidade que a vida pode ter! Amar e sofrer? Nasci pra isso.
“Bora” lá! Hoje e somente hoje serei feliz!
CAROLINA VILA NOVA ESCRITORA E ROTEIRISTA, de Curitiba. Contato: focuslife@playtac.com |
Os caminhos da imaginação pela Escrita