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As escolhas e as renúncias
03 de setembro de 2013

Por que será que às vezes é tão difícil fazer escolhas? Todo tipo de escolha envolve alguma renúncia, desde  as mais simples como escolher o que comer ou acordar mais cedo para tomar um café da manhã mais demorado até casar, ter filhos, mudar de emprego...  Hoje, temos um mundo cheio de diversidade, o que acabou tornando uma ida ao supermercado um evento muitas vezes estressante e complexo. Antes, o leite era só leite. Aí veio o desnatado e o semi-desnatado. E daí para frente, vejam só, temos: leite magro, desnatado, light, semi-desnatado, leite de cabra, de búfala, além dos “pseudo-leites” de arroz, amêndoa, aveia, milho… Qual é melhor? Para quem gosta de procurar informações, a busca é longa! Os artigos e pesquisas são muitos, cada um falando uma coisa. E isso gera uma certa ansiedade. Quem nunca se pegou ansioso diante daquela prateleira lotada com tantas opções, ou diante daquele buffet enorme de um restaurante self-service?

O exemplo do leite é um entre os milhares que vivemos hoje em dia. Quando se trata de decisões mais complexas, como casar, ter filhos, mudar de emprego ou de cidade, esse sentimento de ansiedade pode durar meses, tirar o sono e a tranquilidade. Porque, sempre que fizermos uma escolha, deixaremos de aproveitar muitas coisas boas da outra opção. Se não fosse assim, não seria difícil escolher! Ter filhos é uma delícia, mas tira noites de sono e aqueles dias sem preocupação, de dolce far niente. Tudo na sua vida passa a ser regido por aquele serzinho que domina a sua vida, no bom sentido e no não tão bom assim. Suas viagens não serão mais quando te "der na telha", os horários também não serão mais determinados por você. Para algumas pessoas, tudo isso pode ser super tranquilo, enquanto para outras não. E é por isso tem muita gente hoje adiando essa decisão e mesmo optando por não ter filhos.  Mudar de emprego também pode ser um dilema bem grande. Se está tudo relativamente bem no seu emprego atual, mas você recebe uma outra proposta, vai ter que pesar salário, qualidade de vida, possibilidade de crescimento, ambiente da equipe, descrição das atividades do dia a dia, status, segurança, estabilidade… Se tudo isso for melhor em um lugar, é muito fácil decidir. Mas, normalmente, a balança fica mais ou menos estável, com alguns prós e alguns contras. E então, não tem nada que possamos fazer? Claro que sim! Em primeiro lugar, confiar em Deus e no Universo é um bom começo. Mas como saber se aquela vozinha na sua cabeça é medo ou intuição? Como saber se as coisas que acontecem são sinais ou simplesmente coisas que acontecem? Como saber se a sua persistência e determinação não estão sendo, na verdade, teimosia, ignorando que os obstáculos podem estar mostrando que deveria ir por outro caminho? Minha mãe sempre diz: “faça como se tudo dependesse de ti, confia como se tudo dependesse de Deus”. E como saber se já fiz tudo que estava ao meu alcance e quando é hora de simplesmente confiar e deixar nas mãos Dele?

Escolhemos caminhos..

E é aí que entra o assunto dessa coluna: Yoga, união com Deus, união entre corpo, mente e espírito. Para tomar as decisões com mais segurança, precisamos confiar que existe um plano maior e alguém sustentando nossas decisões quando elas são tomadas por amor e com amor. E, para isso, precisamos tomar as decisões por amor e com amor. O que isso significa?  Significa que sabemos tão bem quais são nossos valores que nossas decisões estarão alinhadas com eles e não com o nosso ego ou com o nosso medo - a necessidade de agradar a todos, algo sabidamente impossível. Se o que eu quero é ter uma vida mais tranquila no interior, não adianta aceitar aquele emprego que dá muito mais status e fica numa grande capital. E, se eu quero e gosto de status, qual o problema? Melhor aceitar a proposta da capital. É preciso se apoiar nos próprios gostos e decisões, sabendo que nada é melhor ou pior, mas simplesmente diferente.

Na minha opinião, sempre vão existir pessoas que gostam de coisas mais luxuosas e de mais liberdade financeira do que outras, pessoas que precisam dessa segurança. E não existe nada de errado nisso, desde que elas se aceitem dessa forma e não prejudiquem ninguém com isso. Mas simplesmente “corram atrás” do dinheiro com mais energia do que outras pessoas e saibam que o dinheiro deve servir seus objetivos e não o contrário. O dinheiro é uma energia maravilhosa, se usado do jeito certo! A mesma coisa com as pessoas que, conscientemente e verdadeiramente gostam mais da liberdade e da solidão do que das obrigações que traz uma família. Porque, a princípio, podemos pensar romanticamente que quem se casa é porque optou pelo amor ao invés da "solidão egoísta", mas existem milhares de pessoas que casam por egoísmo e medo da solidão e muitas pessoas que permanecem solteiras por amor. E, para entender tudo isso, é fundamental ter uma conexão muito grande com o nosso guia interior, com o Deus que está no nosso coração. É fundamental que esse gosto por liberdade, por exemplo, seja realmente gosto por liberdade e não medo dos compromissos pura e simplesmente. Sabendo quem somos de verdade, tomar decisões vai se tornando mais e mais fácil e assim também confiar em Deus. Porque sabemos que, se nossa decisão foi tomada pela pura consciência da nossa verdade, Ele vai nos apoiar.

Os caminhos para isso são muitos: meditar, rezar, orar, fazer terapia, yoga, praticar esportes, escrever…. todas as coisas que nos aproximam da nossa voz interior, aquela que nos deixa com um sentimento bom de certeza, sem medo, sem ansiedade. Quando ouvimos essa voz, podemos escrever num caderninho quais foram os pensamentos que levaram àquela sensação de paz, tranquilidade e alegria. Assim, vamos conhecendo nossos propósitos e alinhando nossas ações com os nossos valores. Se agimos diferente disso, estamos nos enganando. Se estamos indo para outro caminho que não o da nossa verdade, estamos magoando não só nós mesmos como as pessoas ao nosso redor que fazem parte dos nossos planos. Por isso, quando terminamos uma aula de yoga, dizemos “SAT NAM”, que significa “eu sou verdade”. Esse é o desafio para essa semana: ouvir nossa voz interior e saber melhor qual é a nossa verdade, para que nossas decisões sejam tomadas com amor e por amor ao invés de medo.

SAT NAM!

Heloísa Orsolini Albertotti

Modelo, economista, praticante de Yoga há 12 anos e professora de kundalini Yoga há 4 anos,

Ministra aulas particulares e em empresas.

Contato: heloorsolini@yahoo.com.br -  www.heloisaorsolini.com 

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