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Au revoir Paris
02 de novembro de 2013

 

A fina flor dos sentimentos despetalada por um adeus prematuro. Entre os espinhos e a beleza - as emoções restam divididas - diante da partida irremediavelmente dilacerante e quase inaceitável... Os seus olhos castanhos e o sorriso de menino ainda estão diante dos meus olhos e cada palavra sua pulsa ainda no meu coração.

Tuas mãos estiveram enlaçadas entre os meus dedos por um tempo breve, mas a valia das emoções não se prende ao tempo cronológico, mas sim emocional. Dançamos bailes magníficos e sorvemos emoções abissais entremeadas pelas nossas confissões. Pertencemos um ao outro de modo silencioso e intenso...

E cá estou eu neste labirinto emocional. Usando cada particula do meu corpo para compreender sua ausência e seu distanciamento. Caminho por Notre-Dame e depois solto o caminhar no languido Versailles... E ainda sinto sua voz sussurrando no meu ouvido guiando meus olhos para as imagens que tanto gostavas de ver...

Paris será nossa pela eternidade. Creio piamente que seja por essas paragens que vamos nos reencontrar. Você com seu ar cavalariço e eu a princesa sem par - ansiosa pela dança que não apreciamos em público e que de modo conveniente guardamos para nossos íntimos momentos de carinho.

A nossa primeira música ainda embala o seu toque nos meus cabelos. Através de cada detalhe que vai ressurgindo enquanto escrevo. As nossas promessas pueris e aquele seu modo relutante de compreender que a felicidade não era algo tão complexo. O amor não descarta responsabilidades e não apaga e descarta o passado.

O fato é que não podemos mudar o tempo. Só há em nossas mãos o presente. Eis que o futuro é uma pífia promessa e o ontem não se pode alterar. Pintamos a vida com inúmeras cores, mas quando quebramos nossas tintas só podemos substituir nosso material com o intuito de poder completar nossa obra. Nada volta a ser...

Como nesse momento em que insito em escrever para falar de nós. Para dividir as conquistas. Para falar do nosso amor. Para que me digas se sente ainda saudades de mim... Mas é certo que não vais responder. Sua viagem ceifou as respostas. Sei que ficaste impregnado em minha alma e eu nunca saberei se permanci na sua...

Logo, eu que sempre gostei de certezas fui agraciada com uma irrefutável incógnita. E imagino que de certa forma era sua caracterísca essencial para comigo – ser único. Enquanto o tempo constrói o laço inconsútil dos meus pensamentos tu saberás de cada particula emocional minha. E eu de ti nada saberei...

O céu de Paris ainda brilha. A Torre iluminada convida para mais um passeio. Irei sozinha agora. Vislumbrando rostos desconhecidos e ouvindo histórias incompletas como a nossa. A cada obra de arte imaginarei os seus comentários e sentirei as suas mãos próximas das minhas como costumávamos caminhar...

Meu Menino de Paris, a ousadia do amor também pode amealhar tristezas. Eu sempre fui fiel as palavras dos nossos primeiros encontros : Prefiro amealhar dores do que vazios... e em mim deixaste uma imensa saudade, mas nenhum vazio. Afinal quando nos buscamos houve verdade e emoções insubstituíveis que em mim permancem.

O tempo vai aplacar a saudade. Afinal tê-lo em meus braços será impossível doravante. Viverás nas minhas lembranças e nos poemas que ainda insistirei por escrever. Ou nos contos sobre as caçarolas e os pêssegos que não sonhamos juntos, mas que me provocou risos enquanto falavamos dos seus sonhos desconectados...

Os passeios entre os mil compromissos. Sua vida sempre programada entre os seus desejos passados e vontades futuras. Arguto com suas emoções tratavas o amor como uma responsabilidade e isso me fez admirá-lo ainda mais. Afinal o amor é a nossa maior tarefa na existência. E propiciar a felicidade dos nossos amados também.

Cada detalhe das nossas conversas está incrustado na minha pele. O aconchego do seu colo. O seu perfume e especialmente o seu modo de sorrir. Eu nunca poderei esquecê-lo – isso é certo – mas não desejo que isso aconteça. Afinal como eu poderia me despedir de Paris para sempre meu menino...

Tivemos as madrugadas, a neve, o frio, o calor, as lágrimas, os medos e um começo... eu desejei você por primaveras eternas numa história única e incomparável. Como a nossa breve viagem de moto entre as fronteiras. Fui sua menina e permiti que me conduzisse numa viagem cheia de desafios para o meu teimoso coração...

No fundo a crueldade está no fato de que continuamos a amar mesmo após o adeus... Au revoir Paris...Adeus meu Menino de Paris. Ficarei aqui. Olhando o céu cinzento entre os nossos dois mundos e pensando nas estrelas lindas que possas ter encontrado e nos dias de sol que ainda veremos entre espelhos da existência.

Mesmo longe continuarei fitando seus olhos e ouvirei sua voz falando dos meus. Bailarei sozinha ouvindo as nossas músicas antigas. Comemorarei as nossas datas especiais e deixarei a sua taça guardada na estima dos meus cálidos sentimentos. Não manterei sua alma presa, pois o destino dos anjos é sempre o céu.

Eu deixarei um cadeado no Siena com o nosso nome. Em cada rua visitada e revisitada haverá um pouco do meu perfume sendo enviado para você. Mesmo que diante da cidade luz o meu coração fique um pouco sombrio diante da irremediável saudade que deixaste na minha alma...

O adeus tomará o contorno de um à bientôt... a vida é breve para todos nós. Menino de Paris eu só desejava ter a certeza de que estás feliz nessa ou em outra vida. Isso confortaria os meus desvelos para contigo. Pela nossa estrela favorita enviarei recados e mesmo que não possas respondê-los eu te espero em Paris... 

Taís Martins

Escritora, MsC, e professora.

Contato:  taisprof@hotmail.com

               focuslife@playtac.com

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Deixe seu comentário:

  • Flora Anita Pereira da Silva

    Entre chegadas e partidas está o amor e a saudades,tens um toque mágico nas palavras ao falar desse adeus quase um bientot! Tua sensibilidade enaltece os sentimentos que carregas na alma.Estilo adorável,me fez juntas reviver histórias da vida.Bravo poeta!

  • Denise Maria Mendes

    Uma bela homenagem. Ela sabe como ninguém que na vida há partidas e partidas. Alguns, no entanto, nunca se vão, simplesmente permanecem porque vieram para ficar no coração da gente em forma de saudade.

  • Cláudia Fátima Polli

    lindo texto.

  • Elisangela Prado Paiva

    Parabens por esse belo trabalho, ler isso enche os olhos de qualquer pessoa que goste de ler.