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Escolhas perenes
08 de novembro de 2013

"O fracasso quebra as almas pequenas e engrandece as grandes, assim como o vento apaga a vela e atiça o fogo da floresta."

Benjamim Franklin

Sozinha eu me entendo. Desentendo. Fico perdida e me reencontro. Volto os olhos para o espelho analisando a mudança de cor dos cabelos e os penteados malucos que gosto de inventar. Há tantas fotografias no meu álbum e muitas mulheres no meu íntimo. Procurei por pessoas que me deixaram perdida e encontrei palavras que amansaram meu coração.

Imaginei amores palacianos em meio à plebe. Ofertei bons vinhos e sublimes histórias para infiéis ouvintes. A solidão ocupa minha alma mesmo soterrada entre grandes multidões. Afinal que reconhece minha voz e meu perfume de modo particular. Não há príncipes fora dos poemas e creio que alheia das letras – desconheço – aquilo que as pessoas nominam de amor.

A filosofia dos livros e da vida deságua na minha alma. Fico revolta e calma de modo concomitante. Gosto de ouvir os fados. Cada um deles diz tanto sobre mim. Por instantes fico emudecida e sem querer escrever, pois me parece que cada emoção que eu queria sentir já foi retratada por um cantante mais calejado do que essa poetisa cheia de segredos irreveláveis.

Pessoas fáceis me divertem. Aquelas que parecem ter mistérios e são desvendáveis com uma conversa de trinta minutos. Me apetece pessoas de riso frouxo, pois trazem ardores no peito entremeados de palavras agradáveis, mas que trazem a minha própria identidade. Quem valora a felicidade é porque de alguma forma conheceu a tristeza.

Não sou um abismo emocional. Fiz uma escolha singela na arte da experimentação. Transito entre os poemas que mais gosto e aqueles que cuidadosamente elaboro. Gostaria de ter escrito cada verso que atinge minha alma. Os poetas sobrevivem na minha corrente sanguínea pulsando e lapidando a minha irresolúvel condição de infante emocional.

Aprendi a entornar o cálice da solidão em doses únicas. Não crio ilusões que eu não possa sustentar. Não escondo as emoções. Apenas seleciono os momentos adequados para assumir o meu rosto diante da platéia principal. Nos ensaios não dou o melhor de mim. Fazer de conta pode ser muito cansativo. Dessa arte visceral sucumbem os atores principais e coadjuvantes.

Imagino as tempestades que chegam reviram a casa e as folhas caídas entre as ruas do meu bairro. Caminho entre amigos que são inimigos. Afinal não se importam com as reviravoltas do clima. Certamente se as tempestades recaírem sobre o meu telhado não importa a nenhum deles – desde que seus quintais estejam salvos de tormentas inesperadas.

Já tenho a idade da desconfiança. No entanto a minha janela está sempre aberta. Sorvo através dela os míseros raios de sol nesse ano sem brilho. Através dela ouço os pássaros de par em par como um deboche do meu ninho vazio. No passado chorei pensando nessa temática, mas no fundo já estou acostumada com o estalar vazio dos meus saltos na sala principal.

É curioso observar as pessoas e analisar que para cada uma delas somos um construído particular. Algumas nos julgam com amor, outras com desdém e algumas transitam entre a inveja e a compaixão. Fingem um desvelo inexistente quando sabem que estamos combalidos. No fundo nos apreciam através de seus vazios particulares e padecem de seu próprio mal...

No caminho incerto da vida, eu decidi ouvir pouco os conselheiros de plantão. Descartei os terapeutas de vidas infelizes e me encastelei nos meus planos. Por certo, não é possível viver pelas opiniões desatinadas de quem não sabe ser feliz, mas prega a felicidade. Desconfio das mãos estendidas e dos olhares avulsos. O egoísmo é uma lição permanente nessas almas...

Meus temores trazem em seu contorno outras nuances. Já viajei pelo mundo sem encontrar novidades e por outras vezes encontrei o mundo sem sair de casa. Nunca esperei que alguém fizesse o mesmo. A loucura é muito perigosa, mas aprendi que a lucidez é ainda mais. Quem não busca refúgio nos sonhos acaba perdendo a sanidade...

Gosto de escrever minhas histórias e poesias, mas não me apego aos contextos alheios. Sou altiva demais para recair nos finais comuns. Desfechos mirabolantes também me desagradam, pois os trampolins do tempo mostram que a intensidade nos desgasta e consome energias desnecessárias para manter o espetáculo em cartaz...

A ignorância pode ser um bom caminho. As palavras podem ser perigosas e afáveis ao mesmo tempo. E mesmo diante dos meus aparentes espetáculos verbais não revelo através da língua as coisas que meus pensamentos insistem em delinear.  Não se grita covarde para qualquer alma descabida. Não de se diz eu te amo para um amante egoísta...

O importante é que escolhi ser imagem e não reflexo daquilo que entendo útil e importante na vida. A minha praticidade pode ser uma defesa ou uma característica que gosto de cultuar. Não temo a morte, pois me divirto com a intensidade da minha vida... E quando me escondo não é para me defender. Na verdade defendo quem não está preparado para mim...

Seguirei como as estrelas de brilho intenso e de segredos eternos. Ficarei entre os sonhos transitando nas realidades e nas hipóteses, sejam elas, factíveis e por vezes impossíveis. Na vida escolhi os desafios. Sem medir os tamanhos. Não temo as lágrimas e conduzo os temores através dos sorrisos. Um dia serei uma lápide e nela deve haver algo mais do que restos...

Taís Martins

Escritora, MsC, e professora.

Contato:  taisprof@hotmail.com

               focuslife@playtac.com

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LITERATURA e POESIA
Os caminhos da imaginação pela Escrita

Deixe seu comentário:

  • Tais Martins

    Helio Você é um amigo magnífico. bjs mil

  • Tais Martins

    Minha querida Aniciele Iensen você é um doce de pessoa. Obrigado pelo carinho. mil beijos

  • Aniciele Iensen

    Lindos os versos! e falam de verdades que sentimos e muitas vzes não sabemos expressar! adorei! tocou fundo na alma!

  • HELIO OLEGARIO DA SILVA

    A beleza das palavras poeticamente organizadas abandonam a frieza da tela para se fundirem em sentimentos que entram em ressonância com o coração e com a alma!. Namastê!