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LucÃola, o Anjo Pecador
26 de julho de 2013
Eu quero falar um pouco de LUCIOLA O ANJO PECADOR. Um filme lindo, que teve a produção muito bem cuidada, tanto nos figurinos quanto no décor e tinha uma equipe só para cuidar do guarda-roupa, que era maravilhoso. O filme teve a cena do baile filmada num palácio lindo, cedido pelo governo por apenas 24h, tempo que tínhamos que liquidar todas as cenas que se passavam ali, foi uma grande pauleira, lembro que a ultima cena, eu descia uma escada, estava cansada, o dia inteiro correndo, troca de roupas, penteado, a equipe de iluminação muda a luz, enfim um estresse de matar.
Pronta finalmente para filmar, de pé no topo da escada, o diretor (Alfredo Starnheim) grita: "Ação !". Eu começo a descer as escadas, mas de repente, tudo escurece, desmaio e caio escada abaixo. Felizmente, não aconteceu nada. A roupa de época amorteceu a queda e não me quebrei toda, coisas que fazem parte do trabalho...
Cena de Lucíola, o Anjo Pecador
O filme foi indicado para o festival de Teerã em 1975, ainda na época do Xá Reza Parlev, mas na data eu estava grávida de 8 meses, fato que me impedia de viajar de avião. Eu não iria me deter por causa disso. Fui no meu médico pedir autorização, claro que ele não deu. Então, eu peguei o assistente dele e fiz com que assinasse a autorização. Enfim, pronta para ir, me mandei para o Aeroporto. foi um tal de sobe atestado pra lá, vai atestado pra cá, até que embarquei. Mas os problemas ainda não tinham terminado.
Já estávamos sobrevoando o Atlântico, quando o comandante avisou: "Senhoras e Senhores passageiros, por problemas técnicos estamos regressando para o Rio de Janeiro". Walter Kury, já tinha tomado remédio para dormir e estava completamente apagado como o resto da delegação. Acordadas somente eu e Kaite Hassem que começou a chorar dizendo que não queria morrer. Eu não estava nervosa, mas estava pensando no meu bebê, que dava pulos dentro da minha barriga. O avião fazia tanto barulho que achei que não ia conseguir pousar, mas apesar de meio avião pendurado na cabeceira da pista, paramos.
Fomos todos levados para o Hotal Meridian, no dia seguinte seriamos embarcados diretamente, para seguir viagem...
Antes de nos levarem para o Hotel, na espera de que consertassem as turbinas ( estávamos num jumbo da Air Francee 2 turbinaa tinham pifado ), resolveram servir o jantar. Mas, se a objetivo foi de acalmar os passageiros, não funcionou. Lá pelas 2 da madrugada, finalmente, chegamos no Meridian. Eu estava cansada, fui dormir quase que imediatamente, acordei as 6:30 morrendo de colicas, como não queria dar uma de fresca fiquei suportando a dor ate que me dei conta que o lençol estava molhado, bom, claro que ai fiquei apavorada, e se estivesse perdendo o bebe? seria uma tremenda inrespossabilidade da minha parte, olhei as h, já eram 8, então liguei para minha casa, atendeu a minha secretaria, assustada perguntou se já tinha chegado em Paris.
Pedi que ligasse para o Dr.C iril e contasse o que tinha acontecido. 15 min depois, o médico ligou e disse: "não mexa um músculo. Estou indo te buscar em mais ou menos 40 min. " Eu fui resgatada e carregada direto para a minha cama. Depois de me examinar, veio o veredito: " vc fez uma fissura na bolsa de água. Se ficar quietinha vai cicatrizar e tudo ficará bem, não pode se levantar para nada, entendeu? "
Eu tinha entendido sim, mas a minha mala, passaporte tudo foi parar em Paris, estava chateada, eu queria muito ir, fiquei sabendo depois que Lúciola foi um grande sucesso, as entradas foram vendidas a 80 dólares e as filas faziam voltas no quarteirão.
Depois de 3 dias quieta, não estava sentindo mais nada. Aí, conclui que estava tudo bem, me levantei, tomei um belo banho, estava pronta para sair, fui ate a sala falar com a Wanda, minha secretária, e de repente a bolsa acabou de arrebentar, foi um corre corre danado, mas não teve jeito, Romolo nasceu às 20h,
Reportagem sobre Rossana com Romolo
Continuação Lucíola / 11/08/1013
Passei um ano me dedicando ao personagem mais importante da minha vida, ser mãe de Romolo, nesse ano trabalhei pouco para poder me dedicar um pouco mais a minha mais perfeita obra prima, mas os iranianos devem ter ficado muito impressionados com Lucíola e veio novo convite para o festival, então resolvi levar (Pureza Proibida) primeiro filme produzido por mim.
Cheguei em Teerá no final do dia, a coisa que mais me deixou impressionada foi a cor do céu era de um vermelho misturado com rosa e lilás, parecia uma pintura, e de repente ficou uma coisa maravilhosa, porque uma voz que se ouvia em toda a cidade cantava uma expecie de lamento que me deixou emocionada quase as lagrimas, parecia que estava num sonho, era a hora da reza e os caras cantava em cima dos minaretes para que todos pudessem ouvir, e fizessem as suas orações onde quer que se encontrassem, fui para o hotel nesse clima de emoção e quando abri a janela do meu quarto, bem em frente tinha uma montanha toda coberta de neve, lindo demais, o meu primeiro compromisso era no dia seguinte colocar o material do filme no palácio do festival.
No dia seguinte, logo cedo, eu já estava pendurada numa escada tentando colocar o cartaz do filme na parede, quando de repente ouvi alguém perguntando em inglês, se eu precisava de ajuda. Respondi que sim e foi assim que conheci o Sr. John Regabí, que gentilmente fez todo o trabalho pra mim. Depois de nos apresentarmos, fiquei sabendo que ele era o maior distribuidor do IRÃ e dono de vários cinemas. Nós ficamos amigos e ele não desgrudou mais. Passou a me acompanhar para todas as recepções. O meu filme que foi exibido fora de competição, como era de se esperar foi o mais concorrido. Toda a imprensa queria entrevistar a Lucíola, que agora era Lúcia num filme igualmente impactante ( uma freira que se apaixona por um negro do Candomblé ), algo incompreensível . Numa coletiva de imprensa, fui bombardeada não só por jornalistas, mas também universitários. Eles queriam saber tudo. como era fazer um filme, interpretar essas personagens tão diferentes uma da outra, que tiravam a roupa e tinha cenas de amor muito sensuais, de que forma interferia na minha vida pessoal, etc. na noite seguinte teria a recepção no palácio do Xá Reza Parlevi, lembro que era um homem encantador, acompanhado da sua linda rainha de olhos de esmeralda , Farah Diba, linda, altiva, elegante e ao mesmo tempo delicada, vivi outra noite de sonhos servida com bandeijas de ouro gravejadas de pedras preciosas. Para poder receber todas as delegações a recepção do palácio foi dividida em duas noite, eu fui a única convidada nas duas.
O Sr.John, que não me largava, a essa altura já estava completamente encantado por mim. Sinceramente, até hoje não entendo como ele me entendia, porque meu inglês era horrível até hoje, talvez, por isso, eu tenha aceitado jantar na casa dele com toda a família, pois só depois através do adido cultural fiquei sabendo que isto significava quase que um casamento, felizmente eu embarquei de volta para o Brasil no dia seguinte. Acreditei que, com isto, o assunto estava encerrado. Qual não foi a minha surpresa, 3 meses depois, toca o telefone, era o próprio. Ele estava no Brasil hospedado num hotel pertinho da minha casa. Para retribuir a gentileza, também ofereci um jantar com minha família. Depois tivemos uma discussão, eu dei uma desaparecida, e ele foi embora, logo depois os comeinis tomaram o poder do pais e nunca mais ouvi falar dele.
Eu quero deixar registrado, que o Irã que conheci, era um Pais moderno com uma juventude estudantil ativa e vibrante. Eu não vi miséria e vi cidades lindas e limpas, como por exemplo Sfaham, que era um Oásis no meio do deserto, onde um sheik mandou construir um palácio para descansar durante a travessia, mas que virou um hotel das mil e uma noites onde me senti a própria Sherazade ( embora esse conto e personagem sejam do rival Iraque ).
É uma pena que esse festival tenha acabado e com isso a chance de uma troca cultural muito interessante, que enriquecia os dois lados, os visitantes e os visitados.
"DEVEMOS SER A MUDANÇA QUE QUEREMOS VER NO MUNDO"
(Mahatma Gandhi )
Rossana Ghessa Atriz e produtora de Cinema e teatro Contato: focuslife@playtac.com http://rossanaghessa.blogspot.com.br/2013/07/luciola-e-o-palacio.html |
Biografias, Histórias de vida de personalidades
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Tais Martins
As palaras podem não mudar tudo o que desejamos. Mas suas interferências propiciam ao menos o conforto de novas proposições. parabéns pelo texto.
Angela Maria Barbosa Cambiaghi
Oi Rossana! Que historia heim? Já te falei que suas histórias dão um belo livro... Muito legal...