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Meia Noite em Paris
29 de maio de 2014
"E senti na garganta o nó górdio de todos os amores que puderam ter sido e que não foram"
Gabriel García Marquez.
Que herança me deixaste. Meu menino parisiense. Relutei em demasiado para retomar as cenas do filme que que insistentemente me falava o telefone que o meu excesso de trabalho não permitia sorver. Porém quando nos encontramos no meu período de folga havia tanto para fazer...
Sorvemos cafés maravilhosos, vinhos cuidadosamente escolhidos, aspiramos as nossas histórias mutuamente. Andamos de mãos dadas. Perdidamente inebriados pelos beijos e carinhos tímidos... A velocidade da motocicleta em nossa breve viagem pelas estradas entre Brasil e Argentina foi ultrapassada pelos nossos batimentos cardíacos.
Eu me perdia nos teus lindos olhos e você encontrava nos meus algum sentido. Nossos segundos eram eternos. Na intensidade dos nossos desejos os lábios permutavam beijos e palavras. Seu colo absolutamente acolhedor, após os lindos passeios que fizéramos na sua cidade. Deitar no teu peito parecia um prêmio coroando a noite.
No entanto inebriada pela paixão avassaladora tudo em torno de nós perdia o sentido era tudo tão simples e ao mesmo tempo eterno. Falávamos durante todo o dia sobre as nossas histórias – aquelas que desejávamos apagar e outras que sentíamos na alma que seriam para todo o sempre como nos “bobos” contos de fadas.
Eu achava fabuloso o seu deslumbramento com a minha escrita. E de maneira insistente me dizias que o filme perfeito para nós naquela noite seria Meia-noite em Paris... Diversas vezes perguntei sobre o tema e tudo mais. Porém sua sagacidade costumeira permitia que fosses evasivo e gentil ao mesmo tempo.
Indicando que a noite seria surpreendente nessa singela descoberta. O dia se findava e já havíamos comprado o vinho e as melhores guloseimas. Cada uma delas escolhida por você e explicadas diante dos seus conhecimentos pluridisciplinares. Transitavas lindamente entre as pequenas coisas e as mais fabulosas.
Sempre muito detalhista comprara café para a manhã seguinte. Delicadamente nos aprontamos um para o outro sem nenhuma pretensão de sair. Como dois enamorados ansiosos nos sentamos na sala principal. Carinhosamente me colocou em seus braços e então a película tão comentada se iniciava.
Com as mãos nos meus cabelos só fui capaz de assistir as primeiras cenas que retratavam a paris belíssima que tanto amavas. A taça de vinho confundia o sangue e o bom senso... e a cada cena imaginávamos como seria fascinante a nossa primeira viagem.
Aqueles segundos possuíam sentimentos inexplicáveis. E mesmo que você tenha se entristecido com o meu cochilo em seus braços diante das lindas cenas aguardadas eu justifiquei com olhos de desculpas que as emoções do dia ao seu lado exauriram o meu corpo e minha alma. Afinal um poeta só é capaz de imaginar as suas falácias amorosas.
E eu estive inebriada e consumida pelas verdades que senti ao teu lado. Gentil e delicado como de costume você me perdoou. Aninhada no seu colo me permitiu o sono e o despertar de uma vida que nem eu e nem você teríamos no futuro... Mas nos entregamos desavisados do destino e entregues aos nossos sonhos.
Estou prestes a publicar o livro novo do qual tanto falamos. Sinto imensa e irremediavelmente a sua falta. Sou traída pelas circunstâncias imaginando que poderíamos nos encontrar em breve... No mês que antecede os nossos primeiros encontros e mensagens posso afirmar que Paris está por todos os cantos.
Amigos enviam fotos. Reportagens nos jornais. E relutante decidi me encapelar na sua herança filmográfica. Sozinha e sob a luz das estrelas entendi todos os signos que você vislumbrou nas minhas palavras. Afinal eu confessei entre um apagar e acender de luzes que costumava sonhar com meus escritores favoritos e com artistas que admirava.
No entanto, eu não poderia supor que havias encontrado um filme que além das minhas ilusões era capaz de me revelar como sonhadora. Transitei pelo filme encontrando você e me perdendo nos seus devaneios. A cada cena conseguia ouvir o seu sussurro explicando o que gostaria que meus olhos encontrassem...
Nessa noite mágica eu pude abraçá-lo antes de dormir. Paris está por todos os lados e o seu perfume invadiu cada emoção derramada em lágrimas. No entanto nesse lindo quadro só há uma coisa que eu não posso reparar: essa magnífica história de nós dois só tem passado, pois a sua prematura partida encerrou o nosso futuro...
O que não impede meu menino de Paris que eu siga amando você. Sorvendo momentos felizes partilhados ao seu lado. Tenho nas mãos a matéria cósmica das impossibilidades físicas. Contrariando o senso comum o meu coração sem domínios gosta de imaginá-lo feliz e sereno. Sentado elegantemente em “la place” e esperando por mim...
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Taís Martins Escritora, MsC, e professora. Contatos: taisprof@hotmail.com focuslife@playtac.com |
Os caminhos da imaginação pela Escrita
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Giuliana Alboneti
Texto profundo sobre a eternidade das emoções. parabéns.
Raphaella Martins
Um texto especial que fala do amor eterno. adorei. beijos.
Raphaella Martins
Um texto especial que fala do amor eterno. adorei. beijos.