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O Riso
05 de março de 2014

Há anos atrás, trabalhei numa concessionária e vivi momentos incríveis. Apesar de ter começado como estagiária, terminei como administradora de rede. Velhos tempos de Novel 4.11 e Bug do Milênio.  É, já faz tempo mesmo. Mas a melhor parte foram os amigos que fiz na época.

Meu filho era criança e tinha uma aranha enorme de plástico com uma bombinha que se ligava a barriga do aracnídeo por um tubo. Quando se apertava a bombinha a aranha pulava. Pra que? Levei a aranha pro trabalho e coloquei ela em cima da minha mesa. Em cima da aranha coloquei um papel e pra cada pessoa que passava pela minha sala eu perguntava: “Ei, este papel não é seu?”. Quando a pessoa pegava o papel eu apertava a bombinha com uma mão e tirava uma foto com a outra.  Renderam fotos e momentos hilários.

Em outro dia, eu deixei a aranha em cima da cadeira do meu antigo chefe. Me escondi abaixada atrás de minha impressora e fiquei olhando o susto que ia levar. Ri sozinha vendo o pulo que ele deu pra trás, além de sua surpresa procurando por todos os lados pra saber quem havia feito aquilo, sem encontrar nenhum suspeito.

O ambiente de trabalho era exatamente igual ao que estou hoje. Em dois sentidos. Fisicamente falando era uma sala enorme com divisórias que permitiam que todos se vissem e se ouvissem. Ou seja, por mais distante que um estivesse do outro, ainda assim era possível a comunicação e a visualização um com os outros. Isso permitia uma convivência constante. O segundo sentido é que esta empresa também era familiar e lá havia amizades de anos, o que proporcionava um ambiente de trabalho muito gostoso.

Como na época era bem mais nova e tinha preocupações diferentes das que tenho hoje, confesso que não pensava muito sobre o que eu fazia. Era mais leve, típica universitária: vivia sem dinheiro, sem tempo pra estudar e ainda por cima era mãe. Mas estava sempre pronta pra uma balada e reuniõezinhas em casa.

Muita coisa mudou de lá pra cá. Hoje eu não tenho mais a aranha. Mas a vontade de rir ainda é a mesma.

Dois anos depois que saí daquele trabalho, meu antigo chefe foi trabalhar nos Estados Unidos. De lá ele me ligava em todos os meus aniversários. E certa vez ele fez uma confissão que jamais esqueci. Ele disse que sempre que eu ria, ele tinha que fazer um esforço danado para não rir junto. E que naquele momento da sua vida, trabalhando longe do Brasil, entendeu que estava errado. Que deveria ter rido junto e não ter desperdiçado o momento. Aquela informação pra mim foi um banho na minha autoestima. Aprendi que meu riso fazia bem até a quem eu não sabia.

E um dos meus melhores momentos no atual trabalho foi quando meu primeiro diretor nesta empresa me fez a mesma confissão. Ele disse: “Carolina, toda vez que você ri eu tenho que rir também. Seu riso alegra o meu dia”. Hoje, anos depois, meu riso continua o mesmo. Pode variar entre um momento e outro, mas quando vem é sincero, costuma ser alto e longo.

Entendi que os anos passam, a vida muda, as pessoas a nossa volta podem ser outras totalmente diferentes, mas a nossa essência continua a mesma, quando não nos perdemos de nós mesmos. O riso além de fazer bem em primeiro lugar pra gente, pode ser o remédio pra outros, ainda que nem saibamos que foi.

Por isso, te desejo um belo de um riso: alto, escancarado e sincero. Do fundo de seu ser!

Quando o riso vier, simplesmente ria! Não perca o momento!

Não perca aquilo que mais sentido dá à sua existência!

 

CAROLINA VILA NOVA

ESCRITORA E ROTEIRISTA, de Curitiba.

Contato: focuslife@playtac.com

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