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O tempo e novos ventos
20 de novembro de 2014
“O tempo é muito lento para os que esperam. Muito rápido para os que têm medo. Muito longo para os que lamentam. Muito curto para os que festejam. Mas, para os que amam, o tempo é eterno”.
A busca incessante da felicidade por vezes nos embaça os olhos. Não percebemos que as coisas mais desejáveis da nossa existência estão na iminência dos nossos dedos. Com isso nos dedicamos às buscas incansáveis plenas de tudo e cheias de nada... Angustiados pela solidão não somos competentes para evitar as armadilhas das emoções fugidias...
O amor sempre foi um elemento de frustração, pois não soube amar e tampouco soube ser amada. Procurava coisas alheias ao amor. Elementos que não combinavam com entrega, cumplicidade, verdade e responsabilidade. Sim. O afeto não sobrevive nos áridos terrenos da mentira. Somos ludibriados pelos nossos afáveis desejos e afogados em nossa decepção dilacerante...
E por assim dizer. Ao não confiar no amor ficamos obtusos e mitigados aos nossos temores. Não somos capazes de compreender a verdadeira beleza. A verdade que já existia, mas não era percebida vai surgindo aos poucos em momentos de solidão aguda e tristeza tenaz. Não há felicidade no outro antes de encontrarmos a magia em nós mesmos...
Os grandes castelos perdem a beleza quando não há sentimentos. Nenhuma construção é bela com madeira e vidro e carente de alma. Os lares são feitos para proteger a quem a amamos. Da mesma forma que as pontes são erguidas para permitir encontros e reencontros. Doutro vértice essas mesmas pontes permitem partidas para aqueles que buscam outros amores...
As emoções são dotadas de uma certa intempérie. Desejos desencontrados das possibilidades. Corações imbuídos de mentira que ludibriam ansiosas entregas de carinho. Sou uma alma apadrinhada pela liberdade e observadora do tempo. Recusei amealhar infelicidades nas caminhadas. O cansaço depois de um dia oferta os sucessos que amealho na jornada.
O amor é talvez a peça incompleta na construção do destino. No entanto não guardo exclusivamente temores...O desafio da vida é desconhecer os pontos finais. Gosto das antíteses, das paráfrases, mas não aprecio os hiatos. Desconecto as andanças dos sofreres. Novas histórias com finais felizes são escritas e reescritas centradas na coragem...e em reticências...
Cada jornada é única e cada dor nos pés significa que a capacidade de singrar além da nossa zona de conforto está mais efetiva. Ser artífice requer iniciativa. Não há papel coadjuvante na bibliografia que escrevemos. Ser dono dos destinos é fácil. Inspirador, porém - é alçar a felicidade diante de buscas inexperientes e por vezes inúteis.
O aprendizado nos traz saberes para diferenciar os sonhos das efetividades. Encontrar abraços é uma tarefa simples. Conquistar afetos verdadeiros por sua vez é a inóspita tarefa para corações fragilizados. A furtividade dos beijos satisfaz o corpo, mas deixa em desalinho a alma. Desejar é o perigo cálido das almas que são enfeitiçadas pelos toques na pele e pelo calor dos lábios.
A viagem da vida é sempre adestrada pelas partidas e chegadas. Nem todas festivas e nem todas dotadas de dolorosos acenos. Submergimos de nós mesmo quando a morte dos nossos anseios se torna um luto vencido e novamente a busca da vida se torna a chama acesa na mesa de centro. As atitudes reveladoras. As palavras dotadas de verdade.
Opções que encaminham a vida para uma conquista do amor por nós mesmos. O desejo pelo brilho dos olhos que pode e deve ser vislumbrado no espelho simples do carro. Ou quiçá nos espelhos antigo da sala do nosso passado. O modo como as vicissitudes são encaradas diz muito sobre quem somos e como somos. Fracasso pode ser um fim ou um recomeço.
Solidão pode ser um fio de esperança – como a negativa para as oportunidades de conhecimento. Alçar os nossos verdadeiros desejos requer de nós algo que supera a vontade. Haverá muitos antídotos e remédios para as nossas dúvidas e dores insolúveis. Entre a nossa carne e nossos sentidos muitos abismos devem surgir.
Afinal nunca é certo o nascimento da flor depois de plantada a semente. As variáveis do solo fértil, da temperatura correta e da estação condizente serão obstáculos. Nascer para o afeto não depende de belas pétalas, mas sim de firmes raízes. Em terrenos pantanosos pode surgir a vida, porém nem sempre há disposição para colher àquilo que não está ladeado pela beleza.
Grandes plantações em regras deixam as mãos calejadas pelo esforço. Os ombros desgastados pelo cansaço não aguardam abraços, mas sim apoio, silêncio e contemplação. A vida cotidiana consome as perspectivas telúricas e oníricas e por vezes estamos vazios de coisas singelas que traduzem a felicidade vestida com um pijama confortável...
O tempo despiu os grandes engodos dos bailes e das festas conspiradas em mentiras. Os modelos no armário ainda remanescem, mas a intenção com que são trajados já se faz outra. A pressa condutora de enganos foi convertida na calma das observações e na contemplação das vidas extra-muros. Os novos ventos devolvem o ar retirado dos pulmões.
O arfar cede espaço para um longo suspiro pautado em oxigênio, em inspiração e numa calma envolta numa película de esperança... Não há pecado e nem redenção nos erros cometidos. Eles pertencem ao passado. E lá estagnados não podem e nem devem modificar o futuro. O aprendiz está pronto para uma nova aventura...
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Taís Martins Escritora, MsC, e professora. Contatos: taisprof@hotmail.com focuslife@playtac.com |
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