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Pureza Proibida - parte 2
16 de junho de 2014
Continuação...
Voltando a Teerã, a delegação brasileira foi hospedada no Hotel Hilton, da sacada do meu quarto dava pra ver uma montanha toda coberta de neve, mas o estranho e que não sentia frio, isso se devia ao clima muito seco, era recomendado beber muita agua , pendurei as roupas e separei a que iria usar de noite para o chantar, estava toda amassada então chamei a camareira para passar a minha roupa,
Alguem bateu a porta e era a própria, dei-lhe o vestido recomendando que tomasse cuidado porque o tecido era delicado e poderia queimar, ela me olhou com uma carinha sorridente inclinou-se como que fazendo uma reverencia e respondeu-me : Bale-bale, não entendi e respondi, não quero que baile quero que passe a minha roupa, e ela insistia no bale-bale......demorei para entender que bale queria dizer sim.
O chantar a que me referi ainda não era a abertura oficial do Festival que seria no dia seguinte com autoridades, sociedade. Estudantes de Universidades e etc, nessa época com o Xá Reza Parlev Teerã era uma cidade moderna e prospera, com uma vida cultural bastante ativa, e uma juventude universitária moderna e bem vestida como qualquer grande cidade do mundo.
No dia seguinte nos levaram para o Palacio do Festival para que pudéssemos arrumar a apresentação dos filme, colocando cartazes e fotos dos mesmos em exposição, logo que entrei vi uma parede toda branca bem apropriada para que eu expusesse o material de PUREZA PROIBIDA, mas precisava de ajuda, então vi o Sr. ZIGMUD SULISTROSK, que se ofereceu de imediato a sua ajuda, mas sendo a parede muito alta era preciso uma escada para que a estética da exposição não ficasse comprometida, como ele era gordo achei ariscado deixar que subisse na escada, decidi eu mesma subir.
P U R E Z A P R O I B I D A nas terras do XÁ
Continuando a historia de Teerã, subi na escada e estava ne preparando para colar na parede o cartaz de PUREZA PROIBIDA , mas a escada não era cumprida o bastante para atingir o lugar exato que eu pretendia. Estava eu toda esticada , na ponta dos pés quando ouvi uma voz “you need help?” olhei para baixo e tinha um belo rapaz elegantemente vestido olhando a minha bunda e pernas e me oferecendo ajuda, ( não sei se foi por entender que eu corria o risco de cair da escada, ou pela visão que ele tinha embaixo da escada?) em todo caso já que alguém se oferecia pra me ajudar ... decidi que era melhor aceitar, além do mais ele era bem mais forte e alto do que eu.
Cartaz e fotos no lugar! Apreciamos o trabalho concluído juntos eu agradeci e naturalmente ele se apresentou: Mtr. Jhon Regabí, o Sulistrovsk que não se afastou um só minuto, foi a minha salvação, sim... o meu inglês e sofrível acho mesmo que ninguém entende de tão ruím e claro que meu amigo Zigmud teve que servir de tradutor, eu já estava virando de costas para me afastar mas me chamaram de volta, o Mtr. Jhon , acabava de nos convidar para almoçar fora do palácio do festival, sugerindo nos mostrar um pouco da cidade, que alias achei encantadora, moderna, limpíssima sem mendigos na rua , moças jovens bonitas com roupas modernas não fazendo nenhuma diferença com as outras capitais do mundo que eu conhecia, claro que avia também aquelas tradicionais com suas burkas, mas principalmente uma juventude de universitários alegres e participativos .
O resto dos dias que passei em Teerã o Sr. Regabí não me largou mais se oferecendo pra me levar em seu mercedes para todos os lugares e compromissos que eu tinha que comparecer, passou praticamente a me servir de chofer, disse-me o Sigmund que ele era o maior dono de cinemas e distribuidor de filmes do Iram, mas cinceramente isso pra mim nunca fez qualquer diferença, o que sempre apreciei numa pessoa e valorizo sempre e a lisura de caráter, o resto e só dinheiro, não e e jamais será garantia de felicidade,....mas filosofias a parte, afora tudo ele era uma pessoa agradável e delicado além de uma companhia alegre e divertido, embora a nossa comunicação complicada nos entendíamos.
O Xá dava duas recepções no palácio para poder dividir os convidados e assim ficar mais tranquilo, eu fui a única da delegação brasileira a ser convidada as duas vezes, acredito que ainda por conta de Luciula que tinham visto no ano anterior. Numa das vezes estava presente também o nosso ministro das finanças Mario Henrique Simonsen, que quando me foi apresentado já estava pra lá de Bagdá.
O Xá e sua Farah Diba que alias era linda receberam com muito luxo e elegância as bandejas eram de ouro cravejadas de pedras preciosas , era inacreditável , parecia coisa das mil e uma noite. Na Ìndia no palácio da Indira Ghandi também o luxo foi igual a única diferença e que na Índia se podia ver a pobreza, aqui não.
O Xá acabou me presenteando com uma moeda de ouro maciço de 100 rupias que na verdade eu nunca tomei conhecimento de seu valor real, não importava, era um presente inestimável, que guardei por muitos anos ate o ladrão levar.
O mtr.John resolveu dar um chantar na casa dele para me apresentar a família, foi muito engraçado... nessa noite ele não convidou o meu amigo Zigmung, eu fiquei sem tradutor, mas isso não era nada, acontece que a família dele também não falava inglês, imagina uma coisa que já estava difícil ficou mil vezes pior, bom pra encurtar a historia fiquei muda durante todo o chantar me limitando a sorrir para não ser descortês, e fiquei imaginando o que aquelas pessoas estariam pensando, eu estava me sentindo igual um animal raro em exposição, sendo avaliada de todas as formas, mas ele me devolveu ao meu hotel sã e salva.
No dia seguinte quando o adido cultural brasileiro me perguntou onde eu avia estado que ninguém me encontrou me encontrou, contei do chantar, qual não foi a minha surpresa quando me disse que o que tinha acontecido era um compromisso de casamento e que por isso a família me avaliava tanto, acredito que ele estava brincando comigo, mas felizmente o meu voou estava marcado para o dia seguinte ao encerramento do festival, e eu tratei de vir embora bem quietinha sem chamar atenção de ninguém, foi uma bela aventura sem duvida mas respirei aliviada quando chequei em casa.
Mas não acabou ai! Qual não foi a minha surpresa quando o Mtr.Jhon apareceu aqui atrás de mim, eu me senti na obrigação de retribuir todas as gentilezas recebidas, e então a minha irmã deu um chantar na casa dela, meu cunhado fala fluentemente o inglês então ele teve com quem conversar, explicou para meu cunhado que tinha vindo para oficializar o compromisso.
Quando levei ele no hotel , expliquei que tinha avido um engano, que não queria nenhum compromisso com ele, e que se isso tinha sido o motivo da viagem que podia dar meia volta e pegar o primeiro voou pra casa, ficou tão zangado que esqueceu ate as boas maneiras, mas assim que ele saiu do meu carro eu sai rapidinho e foi embora, algum tempo depois recebi um cartão de Los Angeles todo meloso mas eu não respondi, passado alguns messes o Khomeini tomou o Iram se ele estava lá eu não sei, torço para que ele esteja bem e feliz, mas eu nunca mais soube dele.
Rossana Ghessa Atriz e produtora de Cinema e Teatro Contato: focuslife@playtac.com |
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