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Que dia é hoje?
30 de agosto de 2014
Fico atordoada com a minha falta de noção de tempo. Já não sei mais o que fiz semana passada, quando fui ao supermercado, quando paguei uma conta ou quando falei com alguém ao telefone. A correria do dia-a-dia não me permite mais memorizar as pequenas coisas, que ainda que sejam importantes, acabam cedendo espaço para o trabalho, o estudo e inadiáveis compromissos.
Quem me dera, às vezes viver o tempo em outro ritmo, ir a uma festa e prestar atenção em todos que estão ali, saber seus nomes, onde vão, o que fazem e guardar seus números de telefones. Hoje até ser amigo virou uma coisa apressada: “A gente se fala no Face”.
Não há mais tempo para um telefonema ou um encontro. Tudo tem que ser correndo, tecnológico. Para tal: agenda; marcar horário; compromisso. Que saudade da espontaneidade. A liberdade de se fazer o que quiser, na hora em que se deseja. E ainda que se tenha dinheiro, acompanhar o ritmo da vida moderna, demanda abrir mão do ritmo mental saudável que vivíamos quando éramos crianças.
Ao invés das tantas senhas que não posso esquecer, usaria bem esse espaço em minha memória para saber os aniversários de pessoas queridas. No lugar dos difíceis nomes e sobrenomes de colegas da multinacional alemã, me sentiria realizada em guardar retratos: retratos do dia-a-dia, do sorriso do meu filho, das árvores lá fora e do céu que quase todo dia brilha do lado de fora onde trabalho, nas minhas costas.
Todos comentam sobre o ano que mais uma vez já quase se finda, mais um natal que logo chega e logo se vai. Entra ano, sai ano e a vida tem sido percebida pela passagem dos feriados e de tantas coisas que acabam passando em nossa vida numa velocidade acima do que gostaríamos.
Que saudade de viver a vida devagar. Ter tempo de nadar no rio, olhar o mar. Esquecer que dia é hoje, não porque estou correndo contra o tempo, mas porque nele parei. Que delícia seria chegar em casa e saber onde estão todas as minhas coisas e o que tem na minha geladeira e armários. Hoje já não sei. A prioridade dificilmente sou eu. Dentre tanto que tenho a fazer, a prioridade “eu” concorre com as demais. Em certas eu ganho, em outras não.
Mas ainda que a saudade seja real, sei que pago o preço de uma escolha. O evoluir que consome o tempo, gerando mudanças e crescimento. Vez ou outra tenho me forço a uma freada.
Hei ainda de encontrar o tempo para um amor desvairado, uma viagem não planejada, uma noite acordada em dia de semana. Um mergulho no mar a luz da lua e um mergulho em mim mesma a luz do dia. Um instante de voltar a ser criança. Um segundo de não lembrar que dia é hoje, mas sentir que hoje é o melhor dia!
Porque mais importante do que saber que dia é hoje, é a certeza de saber que valeu a pena se ter vivido. Porque datas a gente até esquece... bons momentos em dias bons, jamais.
Que dia é hoje? Dia de viver!
CAROLINA VILA NOVA
ESCRITORA E ROTEIRISTA, de Curitiba.
Contato: focuslife@playtac.com
Os caminhos da imaginação pela Escrita
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Maria José Neto
Adoro ler os livros desta escritora famosa linda adoro ,não perco uma cronica desperta-me grande curiosidade tudo é novo tudo faz com carinho muito sucesso Carolina assim espero pois bem merece cá em Portugal esperamos por mais sempre mais beijo grande <3